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Gestão de eventos adversos de terapias combinadas em Oncologia: como a Farmacovigilância está evoluindo?

Atualizado: 28 de abr.


O advento das terapias combinadas em Oncologia, especialmente associações entre quimioterapia e imunoterapia, revolucionou o manejo de diversos tipos de câncer, ampliando taxas de resposta e sobrevida. No entanto, a complexidade dessas combinações trouxe novos desafios para a gestão de eventos adversos, exigindo abordagens diferenciadas em Farmacovigilância. Diferenciar toxicidades sobrepostas e implementar intervenções rápidas e específicas tornou-se essencial para garantir a segurança do paciente e a continuidade do tratamento. Nesse contexto, o farmacêutico clínico assume papel estratégico, não apenas na identificação e monitoramento de eventos adversos, mas também na análise de causalidade, otimização terapêutica e integração de novas tecnologias de suporte à decisão.



Por que diferenciar eventos adversos é um desafio nas combinações de quimio e imunoterapia?


A sobreposição de sintomas entre toxicidades quimioterápicas e imunomediadas dificulta a atribuição correta do agente causador, tornando o manejo mais complexo e impactando diretamente nas decisões clínicas subsequentes. Por exemplo, a diarreia pode ser proveniente do desenvolvimento e alcance neoplásico quanto um sinal precoce de colite - se imune ou não, há condutas diferenciadas a serem tomadas em cada caso. A decisão terapêutica — como iniciar corticoides, ajustar doses ou suspender temporariamente a imunoterapia — depende dessa diferenciação precisa e fundamentada. O farmacêutico, ao integrar dados clínicos, laboratoriais e farmacocinéticos, desempenha um papel estratégico em sugerir a origem provável da toxicidade e em propor condutas de suporte específicas. Além disso, o farmacêutico deve orientar a equipe multiprofissional sobre as manifestações clínicas típicas de toxicidades imunomediadas, reforçando protocolos de triagem precoce que podem evitar a progressão para eventos de maior gravidade.


Como a farmacovigilância clássica está se adaptando às terapias combinadas?


A farmacovigilância tradicional, focada na notificação espontânea de reações adversas, está evoluindo para um modelo mais proativo e orientado por risco, especialmente em Oncologia. Programas institucionais de Farmacovigilância ativa, envolvendo rastreamento prospectivo de eventos adversos durante ciclos de tratamento, estão se tornando obrigatórios em centros de excelência. Para farmacêuticos, isso significa ampliar a atuação para além da detecção, assumindo papéis em protocolos de monitoramento, auditorias clínicas, análise de segurança de medicamentos e na gestão de bases de dados de farmacovigilância ativa. A implementação de "signal detection" com apoio estatístico e farmacométrico também se torna uma competência desejável. Dominar as diretrizes da OMS, EMA, FDA e Anvisa sobre Farmacovigilância em terapias combinadas é hoje um diferencial profissional, além de ser mandatório para garantir a conformidade regulatória e a proteção do paciente.




Confira abaixo as informações relevantes que a farmacêutica Karla Rodrigues, professora da pós-graduação de Farmácia Oncológica, tem a dizer sobre isso.



De que forma as ferramentas digitais estão impactando a farmacovigilância em oncologia?


Softwares de farmacovigilância, inteligência artificial (IA) e mineração de dados estão sendo incorporados para identificar padrões de eventos adversos em tempo real, potencializando a capacidade de detecção precoce e resposta. Sistemas de suporte à decisão clínica agora alertam sobre combinações terapêuticas de maior risco e recomendam intervenções baseadas em algoritmos validados. Para o farmacêutico, familiarizar-se com essas plataformas é essencial para otimizar a análise de causalidade, propor ajustes terapêuticos e estabelecer rotinas de vigilância contínua com maior robustez. A integração de bancos de dados eletrônicos também possibilita a Farmacovigilância baseada em "real world data" (RWD), oferecendo maior acurácia em populações sub-representadas em ensaios clínicos. O domínio de softwares como VigiFlow, MedDRA codificação e sistemas de Farmacovigilância internos se torna parte da rotina técnica do farmacêutico clínico especializado em Oncologia.


Como a avaliação de causalidade está evoluindo no contexto das terapias combinadas?


A avaliação de causalidade em eventos adversos de terapias combinadas exige abordagens diferenciadas, pois metodologias clássicas, como o algoritmo de Naranjo, podem ser insuficientes frente à complexidade farmacológica envolvida. Em oncologia, novas ferramentas de avaliação, como o sistema de classificação da Society for Immunotherapy of Cancer (SITC) para eventos imunomediados, e métodos baseados em análises bayesianas de farmacovigilância, estão sendo empregados. O farmacêutico deve dominar essas metodologias, interpretando os dados em conjunto com a farmacodinâmica, farmacocinética e mecanismos imunopatológicos dos agentes terapêuticos. A participação ativa em reuniões de revisão de casos clínicos de toxicidade e a elaboração de pareceres técnicos baseados em causalidade fortalecem a posição do farmacêutico como gestor de segurança terapêutica. Essa atuação também possibilita intervenções precoces que impactam positivamente nos desfechos clínicos dos pacientes.



Qual é o papel do farmacêutico no gerenciamento de eventos imunomediados?


O manejo de eventos adversos imunomediados exige rápida identificação, estratificação de gravidade e intervenção adequada, muitas vezes incluindo a suspensão da imunoterapia e o início precoce de imunossupressão. O farmacêutico clínico é responsável não apenas por apoiar o diagnóstico diferencial, mas também por recomendar protocolos de escalonamento de corticoides, sugerir terapias alternativas em casos de resistência, e monitorar o impacto dos imunossupressores na evolução clínica. Além disso, o farmacêutico deve atuar na educação da equipe assistencial sobre sinais de alerta e critérios de manejo, disseminando práticas baseadas em guidelines como ASCO, SITC e NCCN. A elaboração de planos de manejo farmacológico específicos para eventos como pneumonite e endocrinopatias autoimunes é uma atribuição que reforça o papel central do farmacêutico na oncologia moderna.


Qual é o papel do farmacêutico no gerenciamento de eventos imunomediados?


Uma farmacovigilância bem estruturada permite intervenções precoces que evitam a progressão de eventos adversos para graus severos, diminuindo internações, interrupções terapêuticas e abandonos de tratamento. O farmacêutico é peça-chave para garantir essa continuidade, realizando seguimento farmacoterapêutico, revisão crítica de esquemas terapêuticos, ajustes de doses e transições para protocolos alternativos baseados em critérios de toxicidade. A atuação farmacêutica também envolve a análise periódica de tendências de eventos adversos, identificação de fatores preditivos de risco e recomendação de medidas preventivas específicas. Esse trabalho integrado e contínuo maximiza os benefícios terapêuticos e minimiza complicações graves que poderiam comprometer o prognóstico.


Quais são as perspectivas futuras da farmacovigilância em terapias combinadas em oncologia?


O futuro aponta para uma Farmacovigilância cada vez mais personalizada, integrando biomarcadores preditivos de toxicidade, farmacogenômica e monitoramento remoto de pacientes. Ferramentas como wearables, aplicativos de reporte de sintomas em tempo real e inteligência artificial preditiva já estão sendo incorporados em centros de excelência em oncologia. Para os farmacêuticos, isso representa a necessidade de novas competências em análise de big data, interpretação de resultados de biomarcadores e gestão de riscos adaptativa em tempo real. A tendência é que a Farmacovigilância evolua para um modelo de vigilância contínua e personalizada, capaz de antecipar eventos adversos antes mesmo de sua manifestação clínica. Essa evolução reforça ainda mais o papel do farmacêutico como gestor da segurança terapêutica em oncologia, alinhado às tendências de medicina de precisão e cuidado centrado no paciente.



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