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Do protocolo à prática: a atuação estratégica do farmacêutico na Oncologia

Atualizado: 13 de mai.


Protocolos clínicos são documentos técnicos fundamentais que sistematizam condutas terapêuticas baseadas em evidências científicas, promovendo o uso racional de antineoplásicos e medicamentos de suporte. Para o farmacêutico clínico, o domínio desses protocolos é essencial, pois sua atuação transcende a logística: ele participa da avaliação da eficácia terapêutica, do manejo de eventos adversos, da adesão ao tratamento e da Farmacovigilância. O compilado dessas evidências pode originar um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que, no Brasil, com base nos critérios da CONITEC, começa pela definição do escopo e envolve perguntas norteadoras que desafiam as práticas vigentes, considerando eficácia, custo-efetividade e impacto populacional. O farmacêutico, com sua formação técnico-científica, é um profissional-chave na transposição das diretrizes nacionais para protocolos institucionais personalizados, respeitando realidades assistenciais e estruturais.



Como o farmacêutico contribui para a construção de protocolos baseados em evidências?


A elaboração de protocolos oncológicos exige leitura crítica de artigos científicos, diretrizes internacionais e PCDTs nacionais. O farmacêutico domina a avaliação da qualidade metodológica de estudos clínicos e consegue discernir entre diferentes níveis de evidência. Ele atua em conjunto com equipes multiprofissionais para transformar recomendações em esquemas terapêuticos viáveis, seguros e efetivos. Por exemplo, ao selecionar um regime de quimioterapia como AC-T (doxorrubicina, ciclofosfamida e paclitaxel), o farmacêutico considera o perfil farmacocinético dos fármacos, toxicidades previsíveis, interações e ajustes em comorbidades como disfunção hepática. Além disso, avalia a viabilidade de incorporação dos medicamentos à rotina da instituição, ponderando custos diretos, armazenamento, estabilidade e disponibilidade.




Confira abaixo as informações relevantes que a farmacêutica Nathalia de Medeiros Santos Tenório Corrêa, professora da pós-graduação de Farmácia Oncológica, tem a dizer sobre o entendimento da operacionalização de um protocolo.




O farmacêutico contribui apenas clinicamente nessa discussão?


O farmacêutico é um agente técnico essencial também nas análises econômicas dos tratamentos oncológicos. No SUS, a contratualização se dá por meio de APACs, que remuneram procedimentos como consulta, quimioterapia e medicamentos de suporte. Já na saúde suplementar, o modelo varia conforme convênios e pacotes estabelecidos. Assim, a expertise do farmacêutico permite calcular o impacto orçamentário de um protocolo, considerando dose-padrão, frequência, formas farmacêuticas, necessidade de diluição, equipe e infraestrutura. Além disso, ele pode recomendar alternativas terapêuticas biossimilares, para garantir sustentabilidade do cuidado oncológico. Avaliar a relação custo-benefício de combinações terapêuticas com G-CSF profilático ou de antieméticos de alto custo (ex: palonosetrona) é atribuição direta da farmácia clínica.





Qual a diferença entre protocolos do SUS e da saúde suplementar, e como o farmacêutico atua?


O farmacêutico deve compreender profundamente as diferenças entre protocolos aplicados no SUS e na saúde suplementar. No SUS, os tratamentos seguem a tabela SIGTAP, com procedimentos definidos e remuneração pré-estabelecida. A saúde suplementar, por sua vez, adota modelos variados (pacotes, tabela Brasíndice, contratos específicos). O tratamento oncológico, sendo de alto custo, exige liberação prévia em ambos os sistemas. O farmacêutico atua tanto na adequação terapêutica quanto na comunicação com auditorias. Seu papel é garantir a equidade e a efetividade do tratamento, respeitando a legislação vigente e os princípios de justiça distributiva em saúde.


Como os protocolos clínicos fortalecem a governança clínica e o cuidado farmacêutico?


A padronização terapêutica via protocolos contribui para a governança clínica, reduzindo variabilidade e promovendo qualidade assistencial. O farmacêutico, como líder técnico, contribui para a elaboração e revisão periódica desses documentos, alinhando-os com novas evidências, diretrizes internacionais e indicadores de desfecho. A atuação colaborativa permite consolidar fluxos de dispensação, orientações farmacêuticas, seguimento clínico e notificações de eventos adversos. Protocolos também embasam auditorias internas e externas, sendo instrumentos fundamentais para a acreditação hospitalar. Além disso, são ferramentas educativas, promovendo atualização da equipe multiprofissional. Ao liderar com base na ciência, o farmacêutico amplia sua atuação de forma propositiva e estratégica.


De que forma o farmacêutico pode empoderar-se tecnicamente diante da complexidade oncológica?


O conhecimento técnico-científico é a principal ferramenta de empoderamento do farmacêutico na oncologia. Dominar os conceitos de farmacologia oncológica, evidência científica, farmacoeconomia e análise crítica de protocolos permite atuação qualificada, proativa e assertiva. Participar da construção de diretrizes institucionais, apresentar pareceres técnicos e liderar iniciativas de melhoria contínua fortalece a posição do farmacêutico como referência terapêutica. É preciso dar a devida importância de sair da postura operacional para assumir protagonismo clínico e científico. Diante da alta complexidade dos tratamentos, o empoderamento técnico é não apenas desejável, mas necessário para garantir que o paciente oncológico receba o melhor cuidado disponível, com eficiência, ética e humanidade.



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